Mundo velho
E decadente mundo
Ainda que não aprendeu
A admirar a beleza
A verdadeira beleza
A beleza que põe mesa
E que deita na cama
A beleza de quem come
A beleza de ama
A beleza do erro
Puro do engano
Da imperfeição...
Belle! Belle!
terça-feira, 30 de outubro de 2012
terça-feira, 16 de outubro de 2012
A brusca poesia da mulher amada
Minha mãe, alisa de minha fronte todas as cicatrizes do passado
Maria, prepara-me uma dieta baixa em calorias, preciso perder cinco quilos
Chamem-me a massagista, o florista, o amigo fiel para as confidências
E comprem bastante papel; quero minhas esferográficas
Alinhadas sobre a mesa, as pontas prestes à poesia
Eis que se anuncia de modo sumamente grave
A vinda da mulher amada, de cuja fragância
Já me chega o rastro.
É ela uma menina, parece de plumas
E seu canto inaudível acompanha desde muito a migração dos ventos
Sim, eis que os arautos da descrença começam
A encapuzar-se em negros mantos
Para cantar seus réquiens e os falsos profetas
A ganhar rapidamente os logradouros para gritar suas mentiras
Mas nada a detém: ela avança, rigorosa
Em rodopios nítidos
Criando vácuos onde morrem as aves.
Seu corpo, pouco a pouco
Abre-se em pétalas... Ei-la que vem vindo
Como uma escura rosa voltejante
Surgida de um jardim imerso em trevas.
Ela vem vindo... Desnudai-me, aversos!
Lavai-me, chuvas! Enxugai-me, ventos!
Alvorecei-me, auroras nascituras!
Eis que chega de longe, como a estrela
De longe, como o tempo
A minha amada última!
Vinicius de Moraes - "Para uma menina com uma flor" - Novos poemas (1938)
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
sábado, 6 de outubro de 2012
02/10 - Mais uma data e mais saudades
Assinar:
Postagens (Atom)